Ainda com as especiarias da afamada pasta da Taverna a adornar-me o palato, aventurámo-nos por correrias de cantos gregorianos através do empedrado das ruas do velho burgo palmelense até ao bem-amado ZX , o "nosso" Rocinante de mil peripécias e romarias.
Rumando ao cinema Charlot, sem qualquer pista acerca do que poderia estar a transmitir, contentes apenas por não se ter transformado em mais um centro espírita de colecta de pertences aos fiéis idiotas, deparámo-nos com um Happy-Go-Lucky do realizador de Vera Drake, que, a julgar pelo cartaz, nada tinha de político - vulgo - não prometia grande coisa.
Ainda assim, 7 kms de viagem consumada, cartões caducados a garantir um bilhete com desconto, lá tomámos os nossos lugares.
O início deixou entrever a vida aparentemente esquizofrénica da protagonista, Poppy, cujos fins de semana revelavam uma semelhança assustadora com os meus :S
Ao fim de dez minutos de película de baixo orçamento e um ar de London-kitsch-white-trash-empty-bed-conversations, comecei a, surpreendenteente, sentir crescer em mim um não convidado interesse.
E não é que dei por mim completamente embevecida pela performance de Sally Hawkins e a desejar, subitamente, conhecer algué como ela?
Fantástica, capaz de arrancar sorrisos com a desarmante simpatia que dedicava a todo e qualquer ser que cruzasse o seu caminho, incansável a provocar a histeria com as collants de renda colorida, quase tão ridiculas quanto as cuecas cor de laranja, as botas tigresse, a combinação de vestidos de um verde amazónico com casacos de veludo vermelho ou o colar com um arco íris :)
Adorável no seu profundo mau gosto para os trapinhos, Sally não protagoniza uma grande história. Não há um grande sentido latente em tudo isto, mas uma mensagem que gostava de guardar. O mundo pode ser visto através das lentes que escolhermos usar.
E lembrar-me-ei disto quando mais alguém me acusar de ver tudo com lentes cor de rosa.
Porque quero continuar a observar com gradações de rosa, violeta, laranja..porque negro e cinzento são tons neutros.
E eu não gosto da neutralidade.
Não somos seres neutros.
Temos corpos de valores, objectivos, atitudes, crenças,memórias..e não devemos abdicar daquilo que nos constrói.
Obrigado. Por agora é tudo. ahahahhahO início deixou entrever a vida aparentemente esquizofrénica da protagonista, Poppy, cujos fins de semana revelavam uma semelhança assustadora com os meus :S
Ao fim de dez minutos de película de baixo orçamento e um ar de London-kitsch-white-trash-empty-bed-conversations, comecei a, surpreendenteente, sentir crescer em mim um não convidado interesse.
E não é que dei por mim completamente embevecida pela performance de Sally Hawkins e a desejar, subitamente, conhecer algué como ela?
Fantástica, capaz de arrancar sorrisos com a desarmante simpatia que dedicava a todo e qualquer ser que cruzasse o seu caminho, incansável a provocar a histeria com as collants de renda colorida, quase tão ridiculas quanto as cuecas cor de laranja, as botas tigresse, a combinação de vestidos de um verde amazónico com casacos de veludo vermelho ou o colar com um arco íris :)
Adorável no seu profundo mau gosto para os trapinhos, Sally não protagoniza uma grande história. Não há um grande sentido latente em tudo isto, mas uma mensagem que gostava de guardar. O mundo pode ser visto através das lentes que escolhermos usar.
E lembrar-me-ei disto quando mais alguém me acusar de ver tudo com lentes cor de rosa.
Porque quero continuar a observar com gradações de rosa, violeta, laranja..porque negro e cinzento são tons neutros.
E eu não gosto da neutralidade.
Não somos seres neutros.
Temos corpos de valores, objectivos, atitudes, crenças,memórias..e não devemos abdicar daquilo que nos constrói.
don't take yourselves too seriously :)
E não é que a menina se parece imenso com a PJ Harvey?
4 comentários:
Estava prestes a desligar o PC quando encontrei esta caixa de Pandora que me era completamente desconhecida. Óbviamente perdi o sono e li tudo de uma enfiada. Obrigada por descreveres a vida de uma forma como raramente as pessoas olham para ela: simples, mas intensa, onde as pequenas coisas são as protagonistas.
Tché... coitadinhos... Não têm cinemas em Palmela...
looool grande filme, grandes correrias com a massa ainda a chocalhar dum lado para o outro! cartoes de multibanco semi perdidos, gargalhadas de meia-noite e outras coisas de meia-noite, certo Tiaguini? eheh maravilhosos momentos!
Nem me fales em massa... Que eu é que "vi jeitos" de ter que andar a correr!
(andar a correr? isto não é estranho? ou se anda ou se corre!)
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