terça-feira, 30 de dezembro de 2008

i love you pumpkin.
i love you honey bunny.


na insatisfação corpórea de um dia de humidade e névoa que não chega nunca a configurar-se em nevoeiro.
oiço.
escuto.
processo.
algo se começa a materializar.
antevejo contornos.

quarta-feira, 23 de julho de 2008


Há dias em que voltamos a sorver o ar com golfadas vigorosas, golfadas de quem esteve submerso e emerge com redobrado fôlego.

Há dias em que ousamos experimentar de novo pisar a caruma dos pinheiros, sentir a terra húmida nos dedos dos pés...sentir que o espaço que medeia entre o corpo e a copa das árvores e o marulhar das ondas e o cesto de pão fresco a exalar um conforto familiar não é, afinal, nenhum. Voltamos a ser o todo na sensação incorpórea de nos fundirmos no que nos rodeia.
E volto a ver o sol na tua face, vestindo roupagens de sorriso.
E tudo parece tão mais natural assim.
Neste marulhar de sorrisos..

domingo, 29 de junho de 2008

A POISON TREE

I was angry with my friend:
I told my wrath, my wrath did end.
I was angry with my foe:
I told it not, my wrath did grow.

And I watered it in fears
Night and morning with my tears,
And I sunned it with smiles
And with soft deceitful wiles.

And it grew both day and night,
Till it bore an apple bright,
And my foe beheld it shine,
And he knew that it was mine, -

And into my garden stole
When the night had veiled the pole;
In the morning, glad, I see
My foe outstretched beneath the tree.


William Blake


Escolhemos tingir o útero do nosso descontentamento da cor que nos apraz.
Perante o juízo da consciência invocamos a passividade.
Mas também por ela somos responsáveis.
E, por vezes, aporta-nos a algo que não antevíramos.
Julgamos que a mudez fará com que a imagem se desvaneça em pó. Ainda assim, ela pode reagrupar-se para formar algo bem diferente do que supuséramos.
E o vírus infecto é bem mais difícil de desconstruir.
Meros pensamentos.
Fins de contos de fada.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Nothing can stop you
Nothing can break you now
This is'ness has put you out of business

Bought and sold me
I'm lonely
I will admit I'm lonely
Just keep on walking
Act like you don't know me
Disown me
Go ahead disown me

It doesn't really matter
At all
Nothing seems to matter
Nothing can hurt you
Nothing can bring you down
Nothing at all
Nothing can break you
Nothing can take you now
Nothing at all

Let me down easy
Speak softly
Let me down gently
I realize it must be
Disorientating
What was I
What was I saying

Doesn't really matter
Anymore
Nothing seems to matter
Nothing at all
Nothing can hurt you
Nothing can bring you down
Nothing at all
Nothing can take you
Nothing can break your heart
Nothing at all

Nothing can hurt you
Nothing can bring you down
Nothing at all
Nothing can take you
Nothing can break your heart
Nothing at all

This is a matter
This is a matter
This is a matter
This is a matter

Nothing can wreck me
Nothing can take me down

Como sentimos o nada?

Sinto o vazio, a transparência de ser, a invisibilidade.
O anonimato de hora de ponta no metro.
Ausências de evasão para lado nenhum.
Não estar.
Não ser.

quarta-feira, 28 de maio de 2008










10.º aniversário com 10 dias intensos de música.

O Festival Músicas do Mundo de Sines assinala dez anos em 2008 com o programa mais extenso da sua história. São quarenta espectáculos e iniciativas paralelas repartidos por quatro palcos montados na aldeia de Porto Covo (junto ao Porto de Pesca) e na cidade de Sines (Centro de Artes de Sines - CAS, Avenida Vasco da Gama e Castelo). Em relação a 2007, as principais novidades são o reforço do programa no Centro de Artes, passando a haver também concertos nocturnos na zona exterior, e a inclusão de um segundo concerto na madrugada de música junto à praia, na Avenida Vasco da Gama. O pai do rock chinês, Cui Jian, a diva da música indiana, Asha Bhosle, e o grupo seminal do movimento hip hop, The Last Poets, são três destaques do programa.

O cartaz já está disponível no site http://www.fmm.com.pt e conta com sonoridades de qualidade nacionais como A naifa e Dead Combo. Apesar da afluência crescente tornar a comparência um pouco tenebrosa (overcrowded), continua a exercer um apelo quase irresístivel.

Do ano passado guardo a memória de actuações como a de Trilok Gurtu e Oumou Sangare, a diva africana com uma voz poderosa e evocativa de toda uma imagética. Com Gogol Bordello foi encerrada a edição de 2007.
Vale a pena (pelo menos) espreitar as sugestões do programa.

To enjoy





Três meses espalhados como poalha de estrela, em fragmentos cadenciados...Cheguei a Tartu com o cinzento fuliginoso de um céu que não sabia sorrir e parto nos reflexos de bosques nas águas imperturbáveis dos lagos..
Parto na certeza de que voltarei porque Tartu, a Estónia, materializaram na inconsequência do inesperado fantasias infantis com bosques encantados e ruas de empedrado ocre e edifícios de conto de fadas.
Encontrei uma casca de noz onde me refugiar.
Encontrei uma língua doce, dramática, expressiva... hercúlea na tentativa de a pronunciar..segue um compasso próprio de pausas que se interseccionam com continuidades quase cantadas.
Levo excesso de bagagem..nas malas e no coração.
Coração: süda
Pesado pela distância daquelas ruas.
Do ar.
da luz.
Dos sons.
Do baby boom.
Corvos a passearem de mãos atrás das costas.
Grupos de adolescentes no sopé da montanha, na despreocupação da passagem das horas a que não se vislumbra fim.
Acordar às 5 e meia e pensar que o dia já vai alto porque o sol já varreu para fora do quarto as sombras...
Pôr a chaleira com polka dots ao lume.

Mãos cheias.
Coração a aprender a bater compassado de novo.
O tempo esfuma-se.
Transforma-se em fiapos.
Pintura branca que estala e madeiras que crepitam sob os pés.
Fracções de segundo que guardamos como tesouros.