quinta-feira, 21 de maio de 2009


Eu nunca fui pequena.
Mesmo escondida por detrás de uma franja com remoinho. Enormes olhos inquisitivos. Boca a desenhar um traço fechado. Ocasionalmente esboçando um beicinho.
Mesmo quando me barricava atrás de caixas de madeira com a E. e o J. e nos imaginávamos aos comandos de um buliçoso café. Mesmo quando eu e a D. bebíamos água em taças de plástico cor de rosa, à imagem do que víramos n' "A Bela e o Monstro". Mesmo naquele mundo de fingir, de película de néon encantado.

Eu nunca soube ser sem peso. Nunca aprendi os segredos sussurrados da Mary Poppins e da sombrinha levitante. Sempre cambaleei no bailado de pequenos fantasmas, feitos de resquícios de acontecimentos. Pézinho de trapezista a pézinho de trapezista, no limbo entre a doçura oniríca e a realidade sob a forma de polaroids.
E permaneço aqui. No sítio onde tudo tem um peso e uma medida. Aninhada sobre mim mesma. Dançando na cadência ondulante de fantasmas. Ondulando como uma seara em gradações technicolour.
Até ao dia em que me levares a dançar sob um céu de folhas púrpura.

Um comentário:

shampô decapante disse...

Olha eu conheço todos os segredos da Mary Poppins e da sombrinha levitante, que na verdade não era levitante mas sim leviana! Um dia faço uma dissertação no blog sobre isso, agora estou a pintar a casa não tenho tempo. Mas desde já aviso que será uma resenha para adultos, criancinha não entra não!!!