o junco entrançado das cadeiras conhece a memória do corpo
este demorado tempo de ausência...sobre a cama de areia
onde o amor se desenvolve o cheiro a poejo dos lençóis
a noite vem do esquecimento da voz
persigo-te com os dedos pelo vácuo
encontro o rosto amarelecido nas fotografias...despojos
do atormentado sono...lateja-me na boca um coração de papel
dissolve-se um desastre no escuro interior dos objectos
eis a última visão do deserto..um mar triste
uma canção de abandono sobre a boca..o sonho
invadindo a vida que me enche de sede
mas vai chegar o inferno
o corpo afrouxar-se-á como o fazem algumas flores
ao cair da noite dobram-se para o fulcro morno da seiva
e cismam um sonho de ave que só a elas pertence
são horas de ter medo meu amor
cansadas horas quebradas nas mãos...horas de alucinação
estes dias abertos à corrosão do ciúme...estas janelas
derramando sémen à velocidade do surdo grito...são horas
horas de fingir que nos amámos
lentamente os dedos aperfeiçoaram a arte de pararem
sussurrantes sobre o corpo..não a deslizarem
não a percorerem o espaço da veloz insónia
as mãos redescobriram o silêncio inesgotável da escrita
praticam esse ofício muito antigo
de na imobilidade da fala tudo desejarem
Al berto
este demorado tempo de ausência...sobre a cama de areia
onde o amor se desenvolve o cheiro a poejo dos lençóis
a noite vem do esquecimento da voz
persigo-te com os dedos pelo vácuo
encontro o rosto amarelecido nas fotografias...despojos
do atormentado sono...lateja-me na boca um coração de papel
dissolve-se um desastre no escuro interior dos objectos
eis a última visão do deserto..um mar triste
uma canção de abandono sobre a boca..o sonho
invadindo a vida que me enche de sede
mas vai chegar o inferno
o corpo afrouxar-se-á como o fazem algumas flores
ao cair da noite dobram-se para o fulcro morno da seiva
e cismam um sonho de ave que só a elas pertence
são horas de ter medo meu amor
cansadas horas quebradas nas mãos...horas de alucinação
estes dias abertos à corrosão do ciúme...estas janelas
derramando sémen à velocidade do surdo grito...são horas
horas de fingir que nos amámos
lentamente os dedos aperfeiçoaram a arte de pararem
sussurrantes sobre o corpo..não a deslizarem
não a percorerem o espaço da veloz insónia
as mãos redescobriram o silêncio inesgotável da escrita
praticam esse ofício muito antigo
de na imobilidade da fala tudo desejarem
Al berto
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