terça-feira, 2 de junho de 2009

mr. prince charming and (un)happy endings



Era uma vez....num reino muito muito pouco longínquo...uma lenda centenária que teimavam em impingir às meninas pequenas a par das colheradas de sopa ("só mais esta, vá lá, abre lá a boquinha!!ai tão bom!"). Pois bem, duas décadas volvidas, a repetição da lenda provoca-me o mesmo esgar que a colherada da sopa empurrada à traição garganta abaixo, enquanto os olhos se arregalavam perante as braçadas do Huckleberry no Mississipi...
Decidi denominar esta deambulação reflexiva de

Princípes Encantados e Finais Felizes: o Mito Urbano

Qualquer simples almoço entre amigas facilmente fornece matéria prima para uma saga mais longa e aterrorizadora que o Alien vs Predator. Romances que se transformam em enredos dignos de Júlio Verne, a levar a um novo nível o conceito de ficção científica (bem mais profundo que vinte mil léguas)
Conspiração societal, afirmo eu!
De que outra forma manteríamos a indústria dos trapinhos a funcionar em toda a sua glória, na alucinante substituição de sapatos bicudos por redondos e jeans boot cut por slim fit na transição de uma colecção para a outra? Quem justificaria um tão maciço investimento em novas variedades de gelados que amalgamam chocolate com pedaços de brownie e litradas do mais delicado fondant?Quem pousaria o cabelo amaciado por um brushing na cadeira barcelona de um psicólogo? Se desacreditarmos este mito...que acontecerá às Meg Ryans e Jeniffer Anistons deste mundo, incapazes de continuar a perpetrar falaciosas verões idílicas de uma realidade que nunca existiu?Os desgostos amorosos das donzelas providenciam o óleo de toda esta engrenagem!
Amor à primeira vista através de um aquário, no veludo cadente da voz da Des'ree, transposição das diferenças inarticuláveis, beijos capazes de nos transportarem para o interior de uma bola de sabão...oh well...experimentem ter de baixar o tampo da sanita, trocar o passeio de mãos dadas ao crepúsculo pela beira mar por uma caracolada a ver a bola com os compinchas...e vejamos se ainda conseguem cantar com a Pocahontas as cores da montanha e pintar com quantas cores o vento tem..
Pois é, depois de incentivada por uma amiga a escrever a minha versao do "Sexo e a Cidade" - com menos sexo, menos cidade, menos designer clothes, menos 15 anos e mais mundo rural...aqui está a minha visão dos princípes encantados e dos finais felizes: acordem e esfreguem os olhinhos! Tal como o Sebastião jamais retornará enroupado em nevoeiro, os sapos serão sempre sapos, coaxem com voz mais ou menos melodiosa, com perfume mais ou menos inebriante..e as excepções...só confirmam a regra ;)
Ainda assim..guardo em mim a certeza de que vezes sem fim os meus pés voltarão a não tocar o chão. Que todo e qualquer argumento se desvanecerá em poalha e dará lugar a assomos de sorrisos, dedos enovelados e corpos enredados em danças de sombras chinesas.
Porque na minha essência serei sempre uma Carrie, apaixonada pelo acto de me apaixonar...and i'll keep going down to strawberry fields forever :)


Um comentário:

Tiago Matos Costa disse...

Babe, o mundo também não está assim tão mal... ahaah
Mas eu percebo bem o que queres dizer - nós somos uns cabrões insensíveis!

Ainda assim , em minha defesa tenho a dizer que ninguém tem que baixar a tampa da sanita por mim, e nunca trocaria um passeio de mãos dadas por uma caracolada. Só se for por algo que tenha mais de 100g de açúcar!

E mais, os rapazes não admitem mas por vezes também os nossos pés nos parecem alados! :p